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A dupla

Além de amigos, Bombeiros!

Léia e Canever formam o binômio do Corpo de Bombeiros Militar responsável pela região

Publicado em 12/01/2022 às 15:52
Atualizado em

(Foto: @fomconradi)

(Foto: Portal/ Camila Godoi)

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(Foto: Arquivo)


Quantas vezes você já ouviu alguém falar que queria ser bombeiro quando crescesse? Bom, pode ter sido até você o dono dessas palavras, mas esse também foi o sonho do jovem David Canever, de 32 anos, que cresceu vendo o pai ser bombeiro e viu ali uma oportunidade de ajudar as pessoas de alguma forma.  

Há treze anos exercendo a profissão de Bombeiro Militar, desde 2016 integrado a 3ª Companhia de Corpo de Bombeiros de Porto União, o Cabo Canever tem ainda um plus na profissão, uma parceira de farda: a Léia. Uma labradora que, desde os 40 dias de vida, está com ele e hoje, com dois anos e nove meses, é também uma bombeira, pois tem a certificação de cão de busca.

Mas para chegar até aqui os dois tiveram uma longa caminhada. O interesse em ter um parceiro de lida surgiu ainda no curso de soldado, em Florianópolis, quando teve o primeiro contato com o cão de resgate. Com o passar dos anos, ele teve a oportunidade de fazer o curso de cinotecnia, habilitando a utilização de técnicas relacionadas à criação selecionada, manejo e treinamento de cães para tarefas específicas. “Eram poucas vagas, mas passei, participei de todo o curso e ainda tive que preencher vários requisitos para conseguir a certificação”, detalha Canever.

Com a certificação, o Governo do Estado, repassou para Canever a responsabilidade legal de cuidar da Léia. O binômio estava formado e a partir daí todos os serviços no quartel são tirados juntos e ela permanece sempre de prontidão, “em QAP”. Para isso, um espaço específico foi construído para ela no quartel, adequado para abrigá-la em dias de chuva e para armazenar os seus equipamentos. Quando estão em dias de folga, Léia vai para casa com ele, mas mesmo assim não deixa de receber os treinamentos necessários.


Treinamento e atuação

O treinamento com ela é constante e acontece desde pequena. “Por serem de uma raça muito brincalhona, eles recebem os ensinamentos brincando, quanto mais lúdico melhor. Temos que exercitar a aptidão do cão em brincar, trabalhando bastante o instinto do animal”, explica.

Em Santa Catarina, o treinamento é feito com labradores, justamente por terem muita energia e a facilidade em estar sempre dispostos em se exercitar durante o treinamento. No Estado, são oito cães de resgate e eles têm uma grande área para atuar. Eles podem ser acionados a qualquer momento em todos os municípios que abrangem o planalto norte, desde Campo Alegre até Porto União.

O binômio é formado pelo condutor e pelo cão e para quem acha que é bem simples está enganado. Os dois precisam se conhecer muito bem, estar afinados em todos os sentidos para conseguirem cumprir com êxito a missão apresentada. “Precisamos ter uma sincronia perfeita, nós dois nos entendemos só pelo olhar, mas isso é trabalhado todos os dias e por isso a dupla não muda”, destaca.

A atuação do binômio acontece em várias situações como em busca de pessoas desaparecidas em área rural ou resgates de diversos tipos. “Aqui somos acionados na maioria das vezes para situações de pessoas desparecidas em mata, principalmente de idosos com Alzheimer. Eles acabam saindo de casa, entram no mato e não conseguem voltar. Há alguns meses auxiliamos na busca de um senhor desparecido em mata na Área Industrial de Porto União, e tivemos êxito na missão”, conta. Por isso, é tão importante ter afinidade e um treinamento constante, pois a partir de todos os estímulos o cão fica muito mais confiante quando sai para fazer as buscas. “O nosso trabalho equivale ao de 20 homens, em buscas feitas a pé, pois o olfato e a visão do cão é muito aguçada o que agiliza muito o serviço”, explica

A habilitação dela também é para situações como as vivenciadas em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro de 2019. Na situação, o rompimento de uma barragem acabou soterrando e matando 273 pessoas e deixou oito desaparecidos até hoje. Nesta situação foram utilizados cães de resgate para localizar as vítimas soterradas. Léia tem a certificação para fazer esse tipo de busca. “Na região é comum acontecer deslizamentos, devido as fortes chuvas e estamos preparados para atender, caso seja necessário”, diz Canever.


Vida Alheia e Riquezas a Salvar

E assim como para os humanos, os cães também têm um tempo na ativa. “São em torno de oito anos servindo aos bombeiros, não deve passar muito disso, porque assim como nós, o cão também merece curtir sua aposentadoria, descansar”, diz.

Para Canever, unir o que se gosta com a missão de ajudar os outros não tem preço. “Sempre tive afinidade em localização, e com a Léia acabei unindo isso tudo. Podemos estar em diversos ambientes para treinamento e também na ativa. É muito valoroso quando sabemos que na missão poderemos auxiliar uma família, dando um parecer, tentando solucionar e acalmar os ânimos”, desabafa. “Quando localizamos uma vítima é um sentimento de dever cumprido”.

Para ele a missão bombeiro, a expectativa que ele tinha quando criança, vendo o pai trabalhar todos os dias, sendo seu exemplo na ativa, corresponde muito com o que ele vive hoje. “Sinto-me muito feliz nessa atividade, pois meu objetivo é trabalhar para o próximo, para ajudar. Posso dizer que gosto do meu trabalho, gosto muito do que eu faço, pois, além de ser bombeiro, posso trabalhar com a Léia, e isso é muito valoroso”, conclui.


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