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Papo de Especialista

A Era da “culpa não é minha” por estar me sentindo assim!

Responsabilize-se! Administre melhor seu sentimento! Acorde, sinta o cheio do café e escute o pássaro cantar!

Publicado em 20/10/2021 às 08:01

(Foto: Guidie E. N. Rucinski Psicóloga Clínica)

Vez ou outra, você pode experimentar sentimentos que são acompanhados por experiências agradáveis que a vida proporciona ou muito dolorosas. Compreender a característica destes sentimentos, a forma como esta se expressa em seu corpo bem como os pensamentos que advém deles e como você tende a se comportar/reagir quando os experimenta, diz muito sobre a sua saúde emocional e sobre a sua segurança emocional.

 É fato afirmar que os sentimentos apresentam elementos fisiológicos e cognitivos que influenciam diretamente no comportamento da pessoa. Quando, por exemplo se está muito feliz, é possível que o sujeito apresente as reações fisiológicas diferenciadas de quando está em estado tido como “normal”, tal como ritmo cardíaco um pouco mais acelerado. O fato é que quando tange a questão dos processos cognitivos desses sentimentos, muitas vezes a pessoa pode apresentar a emoção, senti-la fisiologicamente, apresentar um comportamento a partir dela, mas não entender o motivo pelo qual isto ocorre.

 Existem várias teorias que estudam o movimento das emoções de um sujeito, os elementos fisiológicos que advém destas emoções e os processos cognitivos envolvidos. Ainda há quem estude o motivo que leva as pessoas a não compreenderem suas emoções reagindo de forma não assertiva. A busca incessante por este estudo mostra uma grande dificuldade que muitos têm em lidar com os aspectos diários da vida, sejam estes frustrações, limitações, expectativas, perdas, lutos, dissabores e até mesmo amores, que podem fazer com que as pessoas apresentem inabilidade emocional e com isto, comportamentos irracionais que levam a discussões e problemas de inter-relação pessoal e social.

 Levando em consideração o que já foi dito, vemos indivíduos que, em meio ao caos diário, que normalmente é ocasionado por eles mesmos, tentar “digerir” a situação ao qual se encontram incutindo a tudo menos ao que deveria ser, a culpa. Triste afirmar que, pessoas que não conseguem entender suas próprias emoções, muitas vezes nem reconhecendo a emoção que sente, apenas sentindo no corpo, delegam a função de culpado desta desgraça que esta ocorrendo à situação que ela não sabe lidar. Nisso, envolvendo outras pessoas, julgando, criticando e atacando a fim de proteger o seu “eu”.

 Indivíduos que normalmente não conseguem suportar suas próprias dores encontram-se com sua saúde emocional prejudicada, bem como a sua segurança emocional. Há a necessidade então de se trabalhar as habilidades emocionais, que são inatas, porém encontram-se precárias a fim de conduzir a vida de forma mais saudável tendo relações interpessoais assertivas vindo a recuperar a Inteligência emocional, que como bem definiu Daniel Goleman “é a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos." (Goleman, 2011)

 Levando em consideração o que Goleman articula, é importante destacar que, para se recuperar ou manter a Inteligência Emocional deve-se atentar ao autoconhecimento emocional, reconhecendo as próprias emoções e sentimentos quando estes ocorrem, sabendo nomeá-los adequadamente. Outro fator importante é buscar entender de onde estes sentimentos são advindos, pois isto ajudará na compreensão das situações de forma mais assertiva.

 Parar, repensar e compreender os sentimentos, nomeando-os adequadamente é apenas o primeiro passo, ainda é necessário saber adequar o que se sente à situação em que se encontra. Reagir ou agir precipitadamente, culpar e julgar a situação ou outras pessoas a fim de tentar se proteger ou ganhar benefícios não vai auxiliar. Saber ter esse controle emocional é tão importante quanto entender as emoções e de onde estas advêm.

 Comumente vemos pessoas dissociando a realidade apresentada, entendendo as situações ocorridas a partir de suas percepções cheias de sentimentos ainda não elaborados, e desta forma reagindo com descontrole emocional. Estas pessoas precisam buscar entender o intervalo entre o impulso e a ação, para que suas ações em decorrência das emoções sentidas sejam mais maduras e assertivas e não distorcidas pela percepção cheia de emoções mal compreendidas.

 A maior dica para que haja sucesso na compreensão das emoções e controle emocional assertivo é a automotivação. Quando a pessoa dirige as suas energias e suas emoções a serviço de um objetivo positivo que caracterize o bem ao próximo e a si mesmo ou realização pessoal, emoções negativas e pensamentos distorcidos resultarão em aprimoramento de um potencial. Este momento, este ajustamento criativo do seu “eu” proporcionará a capacidade de transformar a angústia sentida em prazer, levando a pessoa a ser mais hábil com seus sentimentos e consequentemente nas suas relações interpessoais.

 Sabendo entender suas emoções, conseguido promover o “controle” adequado destas, dirigindo a sua energia a serviço de projetos construtivos na vida, a pessoa conseguirá reconhecer as emoções nas outras pessoas, voltando a trabalhar com a empatia de sentimentos e percebendo que o outro é fonte de contato nutritivo e nunca egocêntrico, e que este outro não tem a obrigação de corresponder as suas expectativas.

 O trabalho com as emoções é uma dura tarefa, mas quando cada pessoa se possibilita a voltar ao seu interior, é capaz de entender que afeta diretamente o universo em que está inserida, e as pessoas que a cerca, e que deve sim se responsabilizar por todos os seus atos, não devendo responsabilizar o outro ou o sentimento que adveio de uma frustração.

É muito mais respeitoso fazer por si e para si, pois ora, a vida está lá fora, o “eu” real está no “AQUI E AGORA” e no íntimo de cada um.

Responsabilize-se!

Administre melhor seu sentimento!

Acorde, sinta o cheio do café e escute o pássaro cantar!

REFERÊNCIAS

FELDMAN, R.S. Introdução à Psicologia. 10° ed. Porto Alegre: AMGH, 2015

RODRIGUES. Hugo, E. Introdução à Gestalt-Terapia: conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2000.

Goleman, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.


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