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Papo de Especialista

Odontologia hospitalar em tempos de COVID

Já está comprovado que infecções na cavidade oral podem desencadear problemas sérios em todo o organismo.

Publicado em 08/06/2021 às 04:02
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(Foto: Prof. Adilson Veiga e Souza – Coordenador de Odontologia)

Desde criança, quando aprendemos a escovar os dentes, aprendemos também sobre a importância da higiene bucal. Já está comprovado que infecções na cavidade oral podem desencadear problemas sérios em todo o organismo. No entanto, para alguns grupos de risco, por exemplo, os pacientes em tratamento contra o câncer, cardiopatas, diabéticos e internados nas unidades de terapia intensiva (UTI), a atenção com a saúde bucal deve ser ainda maior. Esses pacientes passam por períodos de baixa imunidade e as infecções oportunistas por fungos, vírus e bactérias na cavidade oral podem gerar riscos sistêmicos. Além disso, alguns tratamentos contra o câncer podem gerar complicações na boca, como mucosites e falta de saliva.

O Presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Juliano do Vale, destacou em reportagem do Jornal Nacional (TV Globo) no dia 26 de abril, a importância do Cirurgião-Dentista no cuidado com a vida de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva, na luta contra a Covid-19. Muito além da prevenção, a atuação de Cirurgiões-Dentistas em UTIs tem contribuído na recuperação de pacientes intubados por causa da covid-19.

Segundo Juliano do Vale, a maioria dos hospitais ainda não dispõe de Odontologia Hospitalar em caráter obrigatório no Brasil. “A assistência Odontológica pode ajudar a salvar vidas. No contexto pandêmico essa necessidade se agravou, quanto mais tempo de intubação, mais lesões e infecções na boca podem aparecer, aumentando o risco para o paciente. Nós temos 5 mil municípios e hospitais na grande maioria deles, e em pouquíssimas cidades, em pouquíssimas unidades nós temos o Cirurgião-Dentista colaborando com a saúde pública no Brasil”, destacou.

O Coordenador da Comissão de Odontologia Hospitalar do CFO, Keller de Martini, explicou que: “esse vírus da Covid-19 entra pela via aérea, passa pela cavidade bucal onde tem uma carga viral muito grande e, se não tomar cuidado com as bactérias e micro-organismos, acaba indo para o pulmão e provocando uma pneumonia que pode trazer um agravo grande ao paciente e até o óbito. Com o protocolo de higiene oral, há uma diminuição da quantidade de pneumonias em até 60%”.

De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, em todo o Brasil, são cerca de dois mil Cirurgiões-Dentistas hospitalares. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, apenas oito hospitais têm Cirurgiões-Dentistas disponíveis em UTIs. O Hospital Universitário de Campo Grande implantou o serviço em 2015. Desde então, conseguiu reduzir em 75% as pneumonias associadas à ventilação mecânica.

De acordo com a Cirurgiã-Dentista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Hospital Auxiliar de Suzano e Instituto Central), Juliana Franco, o Cirurgião-Dentista nunca foi tão necessário como agora: “O paciente hospitalizado e que tenha assistência odontológica durante a sua internação tem uma recuperação, uma reabilitação muito maior do que o paciente que não tem assistência odontológica.”

A mobilização do Sistema Conselhos de Odontologia pela regulamentação da Odontologia Hospitalar acontece no Congresso Nacional desde a tramitação do PLC 34/2019. O Projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado, no entanto, em junho de 2019, ele foi integralmente vetado pelo Presidente da República. Com isso, o trabalho segue intenso por meio do Projeto de Lei 883/2019, que torna obrigatória a presença de profissionais de odontologia nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e demais unidades hospitalares de internações prolongadas.


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