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Papo de Especialista

REFLEXÃO DA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO COMBATE AO COVID-19

A COVID-19 faz parte de uma das doenças causadas pelo coronavírus, este que forma uma família de vírus que causam infecções respiratórias

Publicado em 02/06/2021 às 02:50
Atualizado em

(Foto: MARLY TEREZINHA DELLA LATTA, coordenadora do curso de Enfermagem da Uniguaçu.)

A COVID-19 faz parte de uma das doenças causadas pelo coronavírus, este que forma uma família de vírus que causam infecções respiratórias, e tem um histórico de acometimentos desde o século passado. Já o novo agente patológico foi descoberto no dia 31/12/2019, na China, após crescentes casos de pneumonia. Seu poder de contaminação é tão rápido que o tempo entre a sua manifestação inicial e a declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) foram de apenas 3 meses. Muitos se questionam o seu surgimento e especulam diversas teorias que vão desde a econômica, criação em laboratório ou zoonoses.


Em meio a tantas incertezas que essa crise apresenta, é certo que a doença se tornou, no início, mais preocupante para os idosos e doentes crônicos, especificamente para os Diabéticos e Hipertensos, tendo mudança nesse cenário com a implantação da vacinação em idosos e pessoas com comorbidades, e no momento, as pessoas que estão sendo acometidas, são de faixa etária diminuída. O principal sintoma apresentado é a febre, seguida de tosse seca e/ou dificuldade para respirar, este último que caracteriza a forma mais grave da enfermidade. Nesse contexto, o Sistema de Saúde foi desafiado, sendo que países que foram severamente acometidos tiveram a taxa de ocupação dos leitos de UTI completamente lotados, não sendo diferente no Brasil. Nesse vai e vem das ondas de novos casos, o problema instalado continua, tendo no momento o aumento de casos, apesar do início da vacinação, que ainda está em ritmo lento. Na linha de frente temos os profissionais de saúde, em especial atenção a enfermagem, que é considerada uma espinha dorsal, segundo relatório publicado pela OMS. Nesse cenário, houve uma elevação dos números de casos suspeitos e confirmados da COVID-19 pelos enfermeiros. Estes que juraram dedicar a vida profissional a serviço da humanidade, com responsabilidade, dedicação e conhecimento técnico-científico no cuidado e tratamento dos pacientes. E é o que sem tem visto na sua atuação diante desta crise mundial, entretanto, há um excesso de carga horária de trabalho, escassez dos equipamentos de proteção individual (EPI) e salários injustos, que causam um estresse ocupacional. Todos esses fatos elencados que por si só já se fazem presente no dia a dia destes profissionais, e com a chegada desse novo vírus ficou ainda mais evidente essa precariedade trabalhista.


Com essa analogia, a falta de medicamentos específicos para a cura, a escassez de vacina e o alto potencial de contaminação e transmissão são as principais causas para o crescimento da taxa de exaustão psíquica entre os profissionais no combate ao coronavírus. Os enfermeiros ficam tão incumbidos em agir e esquecem, muitas vezes, de cuidar de si mesmo. Diante da presente realidade, torna-se evidente que à COVID-19 é o maior desafio enfrentado pelo mundo nesse milênio. É como se estivéssemos vivenciando uma terceira guerra mundial, constituída de avançados armamentos nucleares, mas ao contrário, ninguém previa que seria por algo invisível e difícil de controlar. Sendo que esse é o principal desafio para os profissionais de saúde, em limitar ao máximo a contaminação em massa. No entanto, a característica desse vírus faz com que haja uma grande taxa de pessoas assintomáticas, e essas são as principais disseminadoras. Então, o uso de máscaras e outras precauções de barreira, a higiene das mãos aprimorada e a descontaminação da superfície são fundamentais para a segurança. Sendo assim, o método mais eficaz é a educação permanente como medida preventiva, e nada melhor do que a Enfermagem, que naturalmente já desempenha esse papel. Essa ainda é a medida mais importante na ausência, no momento, de vacinação em massa para a população, e de medicamento específico para este vírus. Em meio ao desconhecido, as atualizações diárias das notícias são importantes, principalmente vindas de estudos dos países que estão em uma etapa mais avançada da doença. O que se tem comentado vastamente, é o grande risco que os profissionais de saúde correm, com crescentes índices de contaminação entre eles. Esse fato pode se justificar pela escassez dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e a falta de qualificação no uso dos mesmos. Já que o novo coronavírus necessita das precauções recomendadas de barreira, como máscaras cirúrgicas / N95, luvas, aventais e óculos de proteção ou protetores faciais, no cuidado de todos os pacientes assintomáticos ou apresentando sintomas respiratórios, que indica alta prioridade do uso dos mesmos.


Além disso, a sobrecarga emocional pode justificar o aumento da contaminação entre os profissionais de saúde, levando a problemas na Saúde Mental dos enfermeiros, que desencadeiam nos estresses, diminuição da atenção, medo e preocupações demasiadas devido ao desconhecido. Eles que estão na linha de frente do cuidado durante a pandemia, com isso, acaba ocasionando o estresse ocupacional, que possui como característica, o esforço físico para se adequar aos diferentes acontecimentos diários que lhe são postas, consequências das relações entre demanda psicológica e controle, associado ao processo da patologia. Pode-se afirmar que estes desafios elencados são capazes de estimular comportamentos e ações nos profissionais de saúde, como nas relações estressantes existentes entre os trabalhadores e seu ambiente de trabalho, podendo colaborar para predisposição até o desenvolvimento de doenças. E é o que se tem visto na pandemia da COVID-19, somado a isto, é importante elencar as precárias condições de trabalho que a enfermagem enfrenta há anos. A carga horária extensiva, os salários injustos e a ausência do piso salarial tornam-se mais evidentes nesse cenário de crise da saúde brasileira. Diante dessa realidade, os enfermeiros estão em uma situação de vulnerabilidade. O grande tempo de exposição trabalhista e o rápido crescimento de pacientes contaminados pelo novo coronavírus potencializa todos os fatores citados. Outro fator é a preocupação eminente de expor seus familiares a esta situação, sendo uma problemática a ser enfrentada, e o que se tem visto, são que eles estão abdicando da sua vida familiar durante esse período incerto, para evitar a possível contaminação dos seus entes queridos. Assim, é importante traçar uma estratégia especial para a atuação da enfermagem, protegendo-os, como por exemplo: na diminuição da sobrecarga profissional, nos constantes treinamentos com base nas atualizações publicadas, oferta de todos EPI e em quantidade suficiente, disponibilização de atendimento psicológico e na valorização profissional. Os órgãos governamentais precisam dar os suportes essenciais para que os enfermeiros estejam preparados para atender a demanda populacional mais desfavorecida e manter o equilíbrio emocional. Bem como, é importante lembrar que em meio a essa pandemia, os demais problemas de saúde permanecem, assim como os atendimentos para eles.


Ressaltando que nada substitui o contato presencial, papel que a enfermagem desempenha no cuidado e que não pode, muitas vezes, ser substituído. A COVID-19 é uma doença cruel, e a cada dia testa a capacidade do sistema de saúde em lidar com os problemas derivados desse vírus. Mais do que isso, envolve fatores sociais e econômicos, que geram incertezas diárias nas condutas que se deve tomar. No epicentro dessa catástrofe estão os enfermeiros, atuando em uma diversidade de setores, deste a atuação direta ao novo vírus ou áreas associadas. Estes que em meio a vários desafios vem demonstrando suas competências e habilidades, assim como sempre fazem no seu dia a dia, e agora tornou-se mais evidente para o contingente populacional.


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