Frases como “precisamos nos adaptar”, “logo passa”, “depois que a pandemia passar” tem sido cada vez mais frequente, e deixar para depois os abraços, o carinho e o afeto tem sido necessário para que minimize a propagação do vírus e para a nossa proteção. Mas, você foi consultado? Acredito que não! Enfrentamos uma situação da qual não podemos fazer escolhas e que acarreta diversos sentimentos e emoções contraditórias.
Saber enfrentar as adversidades de uma situação inusitada é encontrar habilidades socioemocionais adequadas buscando a resiliência. O que resta a saber é: Até quando a saúde mental consegue suportar? Será que a resiliência tem limite?
Conforme pesquisa publicada no periódico Psychological Medicine, em janeiro deste ano, os impactos psicológicos ocasionados pelo lockdown da pandemia covid-19, até a data da publicação da pesquisa, apontaram que a maioria das pessoas foram relativamente resilientes. Ainda, a mesma pesquisa aponta que os impactos ocasionados pelo confinamento da pandemia não aumentaram a intensidade dos sintomas de ansiedade e depressão ou até mesmo demonstrou aumento no número de casos de transtornos psiquiátricos até aquela data.
No entanto, estamos vivendo momentos de incertezas. A pressão emocional acarretada pelas piora do movimento pandêmico, a falta de leitos nos hospitais, a demora da vacinação, o número crescente de óbitos pelo covid-19 aumenta a tensão e o medo, gerando um contínuo estado de alerta. A partir deste momento a pessoa começa a se deparar com estados alterados de humor, agitação psicomotora, insônia, irritação, falha de memória, perda ou aumento de apetite.
Sendo assim, a resiliência que ora obtivemos por tanto tempo, hoje está sendo colocada à prova. E como um elástico esta resiliência pode se cansar e não ser mais tão eficaz. Mas, o que pode ser feito para que a saúde mental permaneça em momentos de crise?
Pequenas ações podem ser tomadas no seu dia a dia para que a saúde mental permaneça durante o distanciamento social tornando a rotina mais leve.
1. Observe seus sentimentos – procure entender o que sente e quando sente. Tentar esconder seus sentimentos ou deixar de perceber não é nada saudável.
2. “Todos estão no mesmo barco” – o mundo inteiro está passando por essa pandemia, contudo cada pessoa vai vivenciar este momento de uma forma. Como você quer vivenciar este momento? A escolha é sua!
3. Informação – a informação é importante, mas cuide com a quantidade e o tempo que você está ligado nas notícias. Ainda, cuide com a qualidade do que escuta/lê. Procure consumir notícias de qualidade e com a quantidade necessária. Busque fontes oficiais!
4. Alimente-se bem!
5. Descanse – procure ter um sono regular.
6. Mantenha contato com as pessoas à distância – converse com amigos por mensagens, videochamadas. Redes de apoio são importantes.
7. Lembre-se de você – libere espaço na sua agenda e na sua vida para realizar algo por você e para você.
Não existe uma receita pronta para que a saúde mental possa ser estabelecida, bem como não há medicação que seja recomendada para a prevenir que alguém venha a adoecer emocionalmente. Cada indivíduo pode apresentar um movimento, pois cada um faz seu processo de percepção de seu meio à sua maneira. Contudo, é valido lembrar que não somos fortes o tempo todo e que é importante adotar estratégias positivas para ajustar a resiliência que pode estar desgastada.
Ainda, vale lembrar que não estamos sozinhos, e que podemos contar com o auxílio de profissionais da área da saúde. Caso você não se sinta bem, e precise conversar, busque ajuda. Priorize a sua saúde mental e o seu bem-estar.
Referências
https://www.cambridge.org/core/journals/psychological-medicine/article/psychological-impact-of-covid19-pandemic-lockdowns-a-review-and-metaanalysis-of-longitudinal-studies-and-natural-experiments/ último acesso em 20/04/2021 às 23:31h.
GUIMARÃES, L. V. Janelas da Pandemia. Belo Horizonte, Editora Instituto DH, 2020.
BLEGER, José. Temas de psicologia. 4 ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
NOLEN-HOEKSEMA, Susan;FREDRICKSON, Barbara L.;LOFTUS, Geoffrey R. Atkinson e Hilgard. Atkinson e Hilgar. Introdução à psicologia. 16.ed. São Paulo, Cengage Learning, 2018.
Guidie E. N. Rucinski.
Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Contestado UnC (2006).
Formação em Psicologia Reichiana pela Universidade do Contestado UnC- Centro Universitário de Porto União.
Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela Universidade do Contestado UnC - Centro Universitário de Porto União (2010).
Atuou como psicóloga organizacional em empresas de Porto União SC, União da Vitória PR e São Mateus do Sul PR e possui experiência na área da Psicologia Clínica, onde atua pontualmente desde o início da sua formação profissional nas cidades de São Mateus do Sul - PR e União da Vitória - PR.
Atualmente é Coordenadora do Curso de Psicologia do Centro Universitário Vale do Iguaçu - Uniguaçu e Responsável-Técnica pelo serviço-escola de psicologia, supervisora de estágio clínico do curso de Psicologia e docente do curso de Psicologia da mesma instituição.