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Saúde mental

TCE aponta que quatro Municípios da região não têm plano para combate a suicídio

Seis casos já foram registrados na comarca neste ano

Publicado em 27/03/2024 às 10:59

Um levantamento recente realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC) e divulgado como Diagnóstico de Serviços de Saúde Mental aponta que em quatro de 13 municípios do Planalto Norte catarinense não há um plano específico de prevenção ao suicídio. Canoinhas é um deles.

O diagnóstico foi elaborado a partir de um questionário enviado a todos os municípios catarinenses entre 18 e 29 de setembro de 2023 e teve 100% de adesão, isto é, todos os municípios responderam às 194 perguntas encaminhadas pelo órgão. Neste aspecto, foram avaliadas questões relacionadas a estratégias municipais, assistência e medicação, prevenção ao suicídio, serviço especializado e internação hospitalar.

No que diz respeito a prevenção ao suicídio no Planalto Norte, apenas 41,7% dos municípios possui protocolos estabelecidos para prevenir e gerenciar os riscos relacionados a essa situação. No entanto, 75% dos municípios alegam que oferecem grupos abertos de apoio ou programas específicos para pessoas com sofrimento psíquico, com a participação de familiares ou amigos dessas pessoas.


MUNICÍPIOS COM PROGRAMA DE PREVENÇÃO

AO SUICÍDIO NO PLANALTO NORTE


APOIO ÀS PESSOAS COM RISCO DE SUICÍDIO

Ainda que o relatório não especifique quais seriam as medidas, 12 dos 13 municípios responderam ao questionário alegando que adotam medidas para oferecer apoio às pessoas que foram identificadas em risco de suicídio, tanto durante a crise, quanto durante a tentativa. Somente a prefeitura Bela Vista do Toldo alegou que não tem medidas específicas durante a crise ou a tentativa, somente pós-crise.

A prefeitura de Major Vieira alegou que há medidas específicas tomadas por equipes durante as crises de pessoas sob risco de suicídio, assim como há também medidas protocolares durante a tentativa de suicídio, no entanto, não há uma medida específica adotada pós-crises.

Em Canoinhas, de acordo com o levantamento do TCE, há medidas específicas de apoio durante os três momentos: durante a crise, quando há a tentativa e também pós-crises, mas não há um plano.

A secretária de Saúde de Canoinhas, Franciele Colla Costa, lembra que o Município oferece atendimento especializado para crianças e adolescentes, psicoterapia individual, casal e família na Policlínica, além de consultas psiquiátricas.


NOTIFICAÇÕES PELA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Para além dos casos de suicídio consumado, uma das perguntas contempladas no questionário enviado aos municípios é em relação a notificações que a vigilância epidemiológica realiza quando há casos de violência autoprovocada ou de tentativas de suicídio.

Neste aspecto, a maioria dos municípios do Planalto Norte alega que há notificações quanto às tentativas e casos de violência autoprovocada. Canoinhas é o único município em que não há notificação nos três casos: violência autoprovocada, tentativa de suicídio e suicídio consumado.

A coordenação do Centro de Assistência Psicossocial (Caps) de Canoinhas foi procurada pela reportagem e perguntada quais são as ações que o município desenvolve em relação à prevenção ao suicídio. Ainda que o levantamento do TCE mostre que não há um plano de prevenção em Canoinhas, conforme o coordenador do Caps, Gilson Dias de Miranda, o plano existe. Segundo ele, a equipe multidisciplinar, em específico o serviço de psicoterapia, trabalha no sentido de prevenir e lidar com gatilhos que possam desencadear ideação e o planejamento suicida, em grupos terapêuticos e de autoajuda.

“Paciente que tentou suicídio recentemente por intoxicação por medicamentos e que não aceitou ser hospitalizado fica sob monitoramento intensivo e presencial na instituição e, nestes casos as medicações são administradas com a supervisão de um profissional do Caps, e o paciente não leva as medicações para casa”, comentou o coordenador.

Em situações nas quais foram registrados internamentos, o paciente passa por um atendimento intensivo do Caps no pós-alta, que também passa orientações aos familiares com relação a cuidados específicos que devem ser oferecidos à pessoa naquele momento.

Miranda comentou ainda que o Caps trabalha com protocolo de referência, isto é, o paciente pode ser encaminhado ao Caps no momento em que se encontra desestabilizado e, da mesma forma, quando estável, o CAPS poderá estar referenciando novamente para a unidade de atenção básica para segmento do tratamento.


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